Fundado em Maio de 1971 com o nome de Rancho Folclórico da Casa do Povo da Golegã, viria nos anos 90, por força das circunstâncias (extinção da Casa do Povo), tornar-se numa associação autónoma e estatutariamente passar a chamar-se Rancho F o l c l ó r i c o d a G o l e g ã . Na sua sede social conta com um vasto espólio etno-folclórico, o qual se encontra exposto ao público permanentemente, pertencendo à Freguesia e ao Concelho da Golegã e insere-se na região etnográfica da Lezíria. Com uma trajectória de três décadas, o Rancho Folclórico da Golegã assumiu desde sempre a responsabilidade de dignificar as suas gentes através dos usos e costumes de "antão". Para isso muito se têm empenhado os seus responsáveis e componentes num intenso trabalho de pesquisas e recolhas junto do património etno-folclórico que rodeia as vivências do concelho, nomeadamente no que concerne às músicas, danças, e sobretudo no que se cantava. Como resultado deste valioso trabalho, foi com grande alegria que em 1984 este grupo foi admitido como membro efectivo da Federação do Folclore Português e da qual é filiado. Anos antes, também o INATEL o reconheceu. Em termos representativos têm sido muitas as suas actuações, a todos os níveis -Festivais Nacionais e Internacionais, Rádio, RTP/RTPI, colóquios, congressos e mostras de cantares . Com base na região etnográfica onde está inserido (Lezíria), realça-se o seu modo de vestir e a forma de dançar, encontrando-se representados os mais variados trajes que eram usados quando as gentes trabalhavam e os de melhor tecido e confecção, os que usavam em dias de festa. Saliente-se o traje do maioral, do campino, do camponês, da camponesa e até de uma classe mais abastada. Ao longo da sua história, o Rancho Folclórico da Golegã tem tido a preocupação de nas suas danças e cantares ser fiel ao passado, principalmente às tradições que remontam ao final do século XIX e ao primeiro quartel do século XX. As danças mais desejadas são as da "roda", "fadinhos", "dois passos", "bailaricos", "verde gaios" e "fandango". Da tocata, constam o acordeão, viola, reco-reco, cana, cântaro e ferrinhos. E na cantata existem vozes de homens e mulheres.
A história desta maravilhosa terra chamada Golegã e da sua fundação, remonta aos princípios da Nacionalidade, ao período de D. Afonso Henriques ou de D. Sancho I.
As origens desta vila antiga e senhora dos mais férteis campos ribatejanos é explicada pelos velhos coreógrafos portugueses como tendo nascido do esforço de uma única mulher, que vinda da Galiza, no tempo dos primeiros reis, aqui terá fundado uma estalagem ou pousada de viandantes, aproveitando assim a situação privilegiada desta terra junto à Estrada Real. A estalagem rapidamente terá prosperado e ganho prestígio em toda a região, passando a ser conhecida como a "Venda da Galega", expressão que a metamorfose do tempo levaria a transformar-se em "Vila Galega", acabando mesmo por gerar definitivamente, num período muito mais tardio, o topónimo "Golegã", nome que chegaria aos nossos dias. Lenda ou verdade histórica? 0 Brasão oficial antigo confirma com símbolos, tão simples como expressivos, esta origem etimológica: mostra, num campo verde (que representa a fertilidade do solo), a bela mulher galega que um dia decidiu abrir uma estalagem nesta terra e o seu canjirão (vasilha grande, com bico, usada para o vinho) de taberneira pendente na mão direita. Durante os primeiros séculos da Monarquia, a Golegã transformou-se num povoado de relativa importância, assumindo grande protagonismo na região em finais do século XV. Durante o reinado de D. Manuel, a corte portuguesa tinha o hábito de passar o período estival em Almeirim, o que levou os expeditos Goleganenses a estabelecer boas relações comerciais com o povoado vizinho. Assim, Almeirim passou a ser um mercado privilegiado para o escoamento dos produtos agrícolas produzidos na antiga "Vila Galega", que nunca deixou de abastecer, de forma farta e lucrativa, a família real durante o curto veraneio da corte. Foi durante um desses períodos de veraneio - num dos rimeiros anos do século XVI - que o rei "Venturoso" visitou a Golegã, onde se deparou com grandes festas e aclamações, uma vez que o povo tinha sido prevenido de antemão de tão real visita. Admirado com tal recepção e euforia popular, o rei percorreu placidamente a localidade, dando-se conta que a pobre ermida, onde funcionavam os serviços paroquiais, era insuficiente para abrigar a população que crescia demo graficamente de uma forma significativa. Findas as suas raçõesna humilde ermida, a real personagem anunciou o propósito de mandar edificar, para substituir o pequeno templo, uma igreja que deveras estimulasse a fé que a Deus e si próprio era devida. E a promessa não seria em vão... os trabalhos principiaram logo que Diogo Boytac, que na época enobrecia a arte portuguesa, concluiu a traça idealizada pelo monarca. Assim, entre Santarém e Tomar nasceria um novo monumento que honraria toda a terra ribatejana.